
Embarcação do século XIX é retirada por completo em Belém (PA)

Durante as obras para a COP 30, um veleiro foi retirado com 22 metros de comprimento, 7 metros de largura e 2,25 metros de profundidade.
O terceiro e último segmento metálico da embarcação do século XIX, encontrada submersa durante obras na Avenida Visconde de Souza Franco, conhecida como Doca, em Belém, foi removido na noite da última semana.
O achado arqueológico surgiu durante a execução de um conjunto de obras estruturais preparatórias para a 30ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP 30), que ocorrerá em novembro deste ano na capital paraense.
Para garantir a preservação das características originais da embarcação, o processo de escavação e içamento foi cuidadosamente planejado e executado, minimizando intervenções diretas. O trabalho é supervisionado pela Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Segundo o arqueólogo Kelton Mendes, o resgate da embarcação seguiu um protocolo rigoroso. “Após a recomendação do Iphan para a retirada, elaboramos um projeto detalhado, com a descrição do achado, o plano de escavação e uma portaria autorizando o procedimento. Agora, concluímos a etapa inicial do salvamento arqueológico e daremos continuidade aos estudos, incluindo coletas, mapeamentos, registros fotográficos e análises para entender o contexto histórico da embarcação”, explicou.
A embarcação mede 22 metros de comprimento, 7 metros de largura e 2,25 metros de profundidade. Ela foi dividida em três partes para facilitar o processo de remoção: a proa e duas seções centrais, denominadas áreas mesiais. Após o processo de restauração, o navio será exposto ao público.
O processo de restauração, que deve durar cerca de 150 dias (cinco meses), será coordenado pela arquiteta Tainá Arruda. “A próxima fase envolve análises laboratoriais, limpeza detalhada dos materiais e a definição do melhor método de restauro. Também montaremos uma estrutura elevada para reunir as três partes da embarcação, garantindo uma exposição adequada ao público”, destacou Tainá.
Vestígios de uma Belém anterior
O achado arqueológico pode oferecer informações valiosas sobre a formação urbana de Belém e as mudanças na relação da sociedade com seus rios e igarapés — que, antes do avanço do asfaltamento e da urbanização, eram as principais vias de locomoção.
A embarcação foi descoberta em uma área que, no passado, funcionou como um entreposto comercial e portuário, mas que hoje é um bairro predominantemente comercial e residencial, desconectado da sua antiga identidade ligada ao rio. Esse contraste entre o passado e o presente evidencia como o crescimento urbano transformou a dinâmica da cidade.
Foto: Agência Pará
Publicar comentário